quinta-feira, abril 22, 2010

luz de abajur

Nosso silêncio fazendo barulho e ecoando no quarto escuro cheio de sombras provocadas pela luz amarela da rua que invade janela adentro o esconderijo secreto das duas pequenas crianças imaturas e ilimitadamente incapazes de entender e confessar de uma vez por todas o que acontece ali dentro; não do quarto, mas da alma.
Nossas tardes solitárias achando que éramos suficientes,apenas os dois numa dimensão além daquela que um dia foi real para ambos.
Agora é necessário enxergar que o sonho de andar de bicicleta ao redor do Louvre não passa de sonho sonhado junto à cabeceira ,é só para justificar a ausência de planos para um futuro que não conseguimos imaginar,que não queremos imaginar,mas que ainda assim eu construo,mesmo que só dentro de mim,é para nós dois.
Sei que deveria te largar sozinho aqui sentado á mesa nessa manhã congelante e chuvosa,tomando esse café fraco e horrível que você preparou,e,munida de boa literatura,ir tomar um cappuccino na cafeteria da esquina que eu tanto gosto.
Vem me dar boa noite antes que eu desista disso tudo,vem me buscar e me trás um casaco seu,e me abraça bem forte para tirar o frio de mim antes que eu encontre um outro dono de um outro abraço que vai fazer isso com mais doçura e que me dará beijos nos olhos sem eu precisar pedir...
Toda essa cadeia cênica que me apego é puramente ilusória...
Pois a fase da queda dolorida,do sofrimento e da peregrinação pelo inferno já se foi, e eu vou sobreviver,sei que vou sobreviver a esse dia .
23.04.10

domingo, abril 04, 2010

que salta à vista .

e mesmo assim
eu queria te contar ,
que eu tenho aqui comigo ,
alguma coisa pra te dar;
É demasiado óbvio e não precisa ser explicado.


Está em cada sorriso involuntário e recíproco,em cada dia e noite passados juntos.


Mas só é completo e bonito pelo tempo que dura e se for assim eu não quero não... Ou talvez até queira, já é do ser humano a busca incessante por esse gosto amargo da tortura.


Para que? Por que?


Se deslocar enlouquecida pela cidade dentro de metrôs e trens tarde da noite para se ter algo que já nem se sabe mais o que virou dentro de sí.


Que só toma forma e nome quando a visão se torna dúbia e se tem taquicardia .


Mas é só nessa hora , em que não podemos ser julgados que escancaramos nossas pequenas cápsulas de memória e soltamos as dores e verdades corroídas e acumuladas pelo tempo.


-Sim, eu a amava e ela era a única no mundo que eu poderia querer.


-Sim, eu o quero agora para compartilhar tudo tudo tudo o que eu tenho.


Eu só quero que a intensidade que eu dedico a você não seja em vão, eu quero ao menos uma fração disso, á seu modo,mas que ela venha,com velocidade para me tirar daqui ou de mansinho para eu aproveitar nesses abraços que por sí só já são intensos, a ponto de, nas manhãs frias e claras,as palavras quase saltarem fora,assim como saltam agora feito uma espoleta .


Sinto falta das palavras que deveriam ser ditas e me enojo com aquelas que poderiam ser dispensadas...


Mas eu vou aqui,cultivando o sentimento sem nome e que por linhas tortas e difusas eu vou desenhando e colorindo os traços antes sem vida que alguém largou por aqui sem terminar por falta de coragem de simplesmente dizer que era puro encanto aquilo e que todo encanto jáz em um canto escuro qualquer, termina ali de encosto para novos desencantos que chegam com certa frequência; e como chegam.


E ainda assim espero que não seja tão doloroso assim.


A menina precisa de algo que não seja só metade e superfície, algo que vá além das emoções medíocres, se afundar assim seria regredir,seria viver no inferno da insensibilidade e da desesperança novamente,e ela não quer .


Passo para frente . Me deixa por aqui .



The world will never ever be the same , and you're the blame!... It's what you do to me.