domingo, abril 24, 2011

antecipar

Fazia um calor absurdo naquela tarde em que recebera o telefonema de que ele não viria.

Com a maquiagem impecável e a roupa de boneca; ela se sentiu um lixo.

Parecia que estava derretendo como um boneco de cera pouco apreciado num museu francês.

- Colére.

Ele não conseguiria chegar no horário, e por isso adiou o compromisso.

Atrito.

Lágrimas.

Febre.

Fazia um calor absurdo, e ela só sentia frio.

Vestiu o moletom surrado que ele deixara na última visita, e com lágrimas nas pálpebras, chorou, protegida pelo escuro do cobertor.

O calor era imenso, de fritar um ovo sobre as telhas quentes de sua casa, que aos poucos ia rachando as paredes frágeis, mas ela estava gélida, e sua cabeça latejava, como uma ressaca que nunca queremos ter...

Que nunca imaginamos que vem depois da maravilhosa noite de sexta que temos, sempre.

A boca seca, a sede insaciável, a vontade de beber água, mas também o fato de saber que se beber aquela água de torneira, irá piorar o mal-estar no decorrer do dia.

E o decorrer do dia seguiu neste angustiante itinerário...

Da cama não conseguia levantar, ela até tentou, mas parecia que pisava em nuvens, e que cairia para além delas se andasse um pouco mais.

Novamente se refugiou no calor das cobertas escaldantes. Um inferno particular que tentava se abrigar.

Quando já não podia mais aguentar a febre, e o suor frio escorria ao longo das costas ossudas, e empapava a nuca, o telefone tocou.

Ele.

Ele viria, e traria um analgésico, e algo que ela gostasse de comer, e pediria sua paciência, sua complacência, para que o atrito, as brigas, as intrigas e tudo que de mal havia ficado na sexta-feira, simplesmente ficasse...

domingo, abril 10, 2011

interno, eterno.

o erro dele: conseguir dormir sem ela.

o erro dela: acreditar que ele conseguiria.



- não me faça viver sem você.