sexta-feira, fevereiro 05, 2010
LE CIEL DE MAUREEN
Você está sentado na mesma posição a quase uma hora . Você está sentado nessa poltrona a quase duas horas e já parecem uma eternidade ; não sei se é porque você de fato todos os dias senta nessa poltrona ou porque você contrasta tão bem com a poltrona e a decoração da sala que até parece que você nasceu ali , como se tivesse vindo junto no pacote . Lojas de brechó não costumam dar presentes tão bonitos na verdade , só sei que a fotografia em preto e branco de você ai é linda , pena ela não poder capturar o azul do seu olhar , que agora está tão vago . Apoia os dedos na têmpora esquerda , que também segura o cigarro , que você mais queima do que traga . Eu te olho , mas você parece não notar , parece distante demais , tudo em silêncio , tirando a vitrola que toca uma melodia instrumental francesa . É triste mas contrasta com a madrugada , com as olheiras em nossos rostos , com sua roupa preta , com meu coração apertado e o pranto entalado na garganta . Separados pela lareira que aquece , eu desisto de te chamar pelo olhar . "Apaga este cigarro e vem me agradar." Eu queria dizer ,mas seu olhar,seu olhar azul e triste me impede . Me olha , sem muito esforço, com os olhos de quem não tem pra onde ir , de quem não tem mais ninguém para ficar , assim , em silêncio , apenas observando o ser amado. Continuamos sentados, calados ,apenas sustentados pelo olhar ; no momento eu já não quero mais nada . Percebi que a simples presença de teu ser me conforta e eu posso dormir aqui,assim, sem exigir nada mais.
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