quarta-feira, março 03, 2010

Botões de Tartaruga pt. II

Não precisa abotoar os enormes botões da minha blusa; botões de tartaruga ... Eu ainda sei fazer isso sozinha.
Não trate este momento,este sentimento como coisa pouca , moeda de troca , da corte que observa e ri .
Me observam na espera do fim desses intermináveis dias contados ; pois sim , você me deu os dias , inteiros e longos , para eu contar ,porém não perguntou se eu estava apta ou disposta a cumprir tal tarefa; e eu ainda não sei se estou , se sou , mas aguentei até aqui .
Perdi a conta em uma das muitas doses de rum , o tempo contou diferente depois de algumas carreiras bem servidas...

Me avisa onde isso termina .

Então te esperei , vazia e tola, no saguão do aeroporto com um papel escrito teu nome , mas eu não lembro qual deles escrevi , afinal cada dia você era um .

E como são idiotas as esperas de amor, não é mesmo?

Ensaiei o melhor abraço , aquele de unir todo o corpo , de sufocar , para demonstrar que senti sua falta , para dizer sem palavras: "- Ei , está vendo, te esperei."
E então ensaiei frases , e músicas , e sorrisos, sim , até os sorrisos , para que eles fossem suficientes e não necessitassem de palavras complexas .

Eu nunca cobrei palavras , portanto, aceite meu silêncio agora.

Guardei o seu nome no bolso da blusa de botões de tartaruga e segui na garoa de volta para casa.
Com as mãos enterradas nos bolsos e os ombros de garota pequena contraídos,eu ainda esperava algo naquela noite de sexta-feira.
Noites de sexta-feira , muitas delas na verdade . Todo mundo espera um milagre numa noite dessas.
E como eu te esperei , com sede( de alguém) e com frio (de palavras) ,
me espera também até o próximo inverno para desabotoar os botões de tartaruga ...

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