Ardor no olhos ,
Arranhões de curtas unhas nos braços,
Me afundo sem salvação...
São apenas pessoas e não podemos esperar nada de coisas deveras simples como seres humanos.
Eles machucam , e ai sim te surpreendem .
Só assim.
Pessoas não me inspiram mais.
Nem seus perfumes me remetem a algo bom .
Cheiro de giz de cera lembra a minha infância , e ai sim eu acho bom.
Me tiraram a sensibilidade que eu possuía de captar o que alguém tinha de belo.
Eu não identifico mais erros e acertos,eu não sei mais diferenciar uma cama de um coma.
Pessoas sugam-me as energias,com uma palavra, um ato, um gesto, um olhar, tiram-me o chão, me cortam as cordas vocais, fico impotente diante de tanta insensibilidade.
Mas ai sim fico mais sensível ás coisas da vida,do mundo.Coisas que estão ali ,sempre ,coisas cotidianas, e ninguém dá um pouco de seu tempo para vê-las.
Eu vejo tudo, eu sinto tudo,eu valorizo acima de tudo o que não pode ser explicado,nem comparado.
Amo o que não existe,o que não me promete nada ,o que não me faz esperar absolutamente nada . Eu não entendo porque as pessoas teimam em me prometer coisas só para me cativar , me manter ali , ao lado delas , mas fica apenas nisso, promessa, palavra jogada no ar .
Gosto de olhar algo belo,sentir algo bonito dentro de mim , apreciar os sabores e as sensações,e não ter a necessidade de me cobrar arrependimentos ou mágoa.
A vida vai ensinando...
E as pessoas também .
"... escrevo por lapsos de cansaço;" álvaro de campos .
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